segunda-feira, 15 de setembro de 2014


O INICIO, A CERTEZA E  A DEDICAÇÃO
Faça tudo com muita alegria e leveza e não somente por fazer, faça com afinco e com seriedade que no final o prazer será compensador.
É preciso ter muita seriedade, concentração e compromisso quando se propõe a aprender a dançar, pois sem um mínimo de comprometimento você vai desistir sem nunca sentir o prazer do que isso significa. Cursando a Faculdade de Artes Cênicas eu tinha a matéria de Expressão Corporal onde tínhamos aulas de Jazz. No Teatro Célia Helena, onde cursei Teatro, também tínhamos essas aulas, mas foi na Faculdade que percebi que era prazeroso a prática de movimentar o corpo ao som de uma música. Enfim, não me lembro bem como foi o processo, só sei que tempos após estava eu fazendo aulas de dança de salão em um misto de Escola e Barzinho Dançante no bairro de Pinheiros. Fazíamos as aulas no sábado a tarde e a noite éramos convidados a estar presentes para praticar os passos. Lembro que nunca pude comparecer nessas práticas porque morava longe e não teria como voltar pra casa. Dessa forma percebi que não estava desenvolvendo bem, embora sempre treinasse em casa os passos aprendidos. Depois de frequentar por quase 02 meses, tomei uma decisão: Parar, me organizar e voltar a fazer quando pudesse além de fazer as aulas praticar sempre para desenvolver melhor. Uma curiosidade: Um belo dia depois de alguns Janeiros passados fui convidado a substituir a professora de uma Academia na Consolação que estava deixando o grupo, pois, estava de mudança para o interior. Quem era a professora? Aquela do Barzinho Dançante de Pinheiros. Oh vida doida não?
“Dança de Salão. Aqui. Telefone tal”. Era a minha hora, próximo de casa, estava pronto, com tempo à noite, havia concluído a faculdade e poderia me dedicar mais, diferentemente da vez anterior.
Não me lembro se o fato ocorreu na primeira ou segunda aula. Dirigi-me ao professor com uma certeza e um pedido de conselho: “Professor, um dia eu vou ensinar isso. O que eu preciso fazer?” Mania de professor talvez. Já estava professor de Educação Artística na Rede Estadual e como professor aprendemos tudo já processando como ensinar aquela matéria a outro. O fato é que senti que peguei o professor de surpresa e acredito que ninguém teria antes se dirigido a ele com tanta convicção.
O professor respirou e respondeu: “Você precisa em casa treinar muito os passos que vamos ensinar, e quando treinar muito, treine mais outro tanto. Nunca falte as aulas. Deve sempre participar das nossas práticas para aperfeiçoar e se puder ir a outros bailes, melhor ainda”. E acrescentou: “Se quiser, na próxima aula, trás uma fita (ainda não se usava cd, rsrsrs) eu gravo as musicas da aula pra você treinar”.
Segui a risca os seus conselhos e no decorrer do curso mais turmas se iniciaram e lembro que devido ao numero sempre menor de cavalheiros nas aulas (Tanto tempo se passou e isso continua a mesma coisa) o professor nos convidava para participar das novas turmas para compor os casais. Cheguei a participar de 04 turmas simultaneamente. Era interessante porque as turmas começaram quase que em seguida uma da outra o que fazia com que o conteúdo não fosse muito diferente. Então, na minha turma, por exemplo, eu aprendia um passo de Samba de Gafieira treinava e praticava, na segunda turma eu sedimentava mais, na terceira já havia entendido e estava praticando bem. Quando chegava à turma de sábado ia dançar com a dama e dizia com convicção até do passo dela:
-Vai por mim, tenho certeza, o passo é assim ó.
O processo então mais ou menos se repetia dessa forma e eu sentindo que a cada passo ou ritmo novo ensinado tinha mais facilidade em realizá-lo. Cada vez mais treinava os passos, indo sempre aos bailes organizados pelo professor.
Lembro- me de um fato ocorrido. Quando estava com mais ou menos uns 07 ou 08 meses de curso a parceira do professor já sabendo do meu intento me disse:
__Fernando, você já pode dar aulas.
Mesmo estando desenvolvendo bem sabia que faltava algum tempo para isso acontecer. Quis saber o porquê dessa observação e ela respondeu:
__Tem um professor conhecido que tem uma escola e dá aula a um bom tempo e você dança muito mais que ele.
Agradeci o incentivo e conclui o segundo estágio do curso de Dança de Salão já pronto para iniciar a prática de Monitor de Dança de Salão em outra conhecida Escola de Dança, pois havia passado no processo de seleção.
O Monitor de Danças de Salão tem a incumbência de facilitar a compreensão dos alunos para uma assimilação melhor dos passos. Foi mais ou menos um ano nessa função praticando, aprendendo e vivenciando o dia a dia da atividade que sabia iria desempenhar. Nesse período tive também a oportunidade de viver todo o processo de criação de coreografias, pois, participava também da Cia de Dança da Escola com apresentações em vários locais na cidade de São Paulo e também no interior.

Ao final desse período decidi que havia chegado à hora de enfrentar mais um desafio, estava pronto para passar meus conhecimentos. Marquei uma reunião com a dona da escola e comuniquei esse desejo e queria saber dela se havia algum projeto nesse sentido para nosso grupo de monitores e se eu estaria entre essas pessoas. Como não houve clareza na resposta tomei a decisão: Iria seguir o meu caminho.



É PRECISO SEGUIR EM FRENTE
Pratique muito, treine muito, derrame muito suor, porque esse processo fará com que você perceba que é capaz e o resultado será sempre surpreendente.
Uma coisa puxa a outra. Outros convites surgiram e acabei fazendo um tour por São Paulo ministrando aulas de dança de salão no Projeto Parceiros do Futuro do Estado, Semana Paulo Freire da Prefeitura, em Academias, Casas de Culturas da Prefeitura de São Paulo, Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, dentre outros estabelecimentos. Vamos lá, a lista é grande.   
1996/1997-ACADEMIA FREE FORM- Bairro do Limão - São Paulo
1996/1997-ACADEMIA POLI- Bairro do Limão - São Paulo
1997-ACADEMIA RESUMO – Laranjeiras – Caieiras - SP
1997-ACADEMIA ACQUA FORMA – Paraíso – São Paulo
1997-ACADEMIA OLÍMPICA SPORT – Jardim Primavera – São Paulo
1997/1998-ASSOC DE RESGATE CIVIL DO JABAQUARA – São Paulo
1997-CASA DE CULTURA DE INTERLAGOS – São Paulo
1997-CASA DE CULTURA DE SANTO AMARO – São Paulo
1997/1998-CONDOMÍNIO TOLOUSSE – Tatuapé – São Paulo
1997/1998-PARQUE SÃO LUCAS – São Paulo
1998-ACADEMIA IAN – Parque Continental – São Paulo
1998/2000-CASA DE CULTURA DO JABAQUARA – São Paulo
1998-BIBLIOTECA CASSIANO RICARDO – Tatuapé – São Paulo
1998-CASA DE CULTURA CHICO MENDES – São Miguel Paulista
1998/1999/2000-CASA DE CULTURA DA FREGUESIA DO Ó – São Paulo
1998-CASA DE CULTURA DE SANTO AMARO – São Paulo
1998-CLUBE SUCESSO – Vila Santa Izabel – São Paulo
1998-HOSPITAL SÃO PAULO – Vila Clementino – São Paulo
1998-OFICINA CULTURAL AMÁCIO MAZZAROPPI – Brás – São Paulo
1998/1999-SESC CARMO – Centro – São Paulo
1998/1999-SESC INTERLAGOS – São Paulo
1998-SHOPPING JABAQUARA – São Paulo
1999-ASSOC DE AMIGOS DE VILA PRUDENTE – São Paulo
1999-CASA DE CULTURA CHICO SCIENCE – Ipiranga – São Paulo
1999-CEFAM FRANCO DA ROCHA – SP
1999/2000-PROJETO PARCEIROS DO FUTURO – EESG Walther Weiszflog – Caieiras - SP
1999/2002-CASA DE CULTURA TENDAL DA LAPA – São Paulo
1999-LUAR CAFÉ ACADEMIA – Santa Cecília – São Paulo
1999-SESC ITAQUERA – São Paulo
2000-COMUNIDADE JOÃO XXIII – Perús – São Paulo
2000-PROJETO PARCEIROS DO FUTURO - EEPSG Mario Toledo de Moraes – Laranjeiras – Caieiras – SP
Ufa, está pensando que acabou? Não acabou, mas, é preciso dar uma parada por aqui para uma pequena explicação, ou melhor, duas explicações: 1- Aprendi neste, vamos dizer “estágio prático” muitas coisas, experimentei muitas formas de como ensinar, de como ser didático e de como ser um facilitador para as pessoas que querem aprender a arte da dança. E não é fácil, não tem fórmula. 2- Exatamente por esse estágio, senti a necessidade de novos desafios, era preciso ter uma possibilidade maior para colocar o aprendizado adquirido até aqui em prática. Por isso, tive que tomar uma nova decisão! Mas vamos terminar o tour?
2001/2002-PROJETO PARCEIROS DO FUTURO - EEPSG Mario Toledo de Moraes – Laranjeiras – Caieiras – SP
2001-ACADEMIA DE DANÇA YASMIN – Campo Grande – São Paulo
2001/2002-CONDOMÍNIO ALPES DE CAIEIRAS – Laranjeiras – Caieiras – SP
2001/2002-PROJETO RECREIO NAS FÉRIAS – Casa Verde – São Paulo
2001-SEMANA PAULO FREIRE Freguesia do Ó – São Paulo
2002-CASA DE CULTURA DE SANTO AMARO – São Paulo
2002/2003/2004/2005/2006/2007-ZAIS BAR – Vila Mariana – São Paulo
2002-CEEFÓ-FREGUESIA DO Ó – São Paulo
2002-PALCO ESCOLA DE ARTES – Consolação – São Paulo
2003-SESC CARMO – Centro – São Paulo
2004–STUDIO DE DANÇAS SELMA RAMOS – Lapa – São Paulo
2011-NUCLEO DE DANÇA MARIANA SANTOS – Franco da Rocha – SP
2012-ESPAÇO DANÇA COM ARTE – Perús – São Paulo
Agora sim, terminamos o tour. Essa andança me rendeu muita experiência que me dá a possibilidade de cada vez buscar melhores formas de desenvolver meu oficio. Não me esqueci de contar sobre a decisão que tomei no ano de 2001 lá no meio do tour. Mas... Falaremos disso com mais vagar à frente.




A PRIMEIRA VEZ NINGUÉM ESQUECE
Faça tudo com a certeza do que quer por que: por mais que você ache que não fez direito poderá ser útil para alguém.
Existe uma citação que diz: “pra frente é que se anda e quem fica parado é poste”. De posse do comprovante da atividade como monitor de dança de salão, do diploma de professor de Educação Artística montei meu currículo e distribui pelo correio, pessoalmente e através de amigos para vários estabelecimentos. Meu currículo foi enviado para escolas, academias, clubes e outros lugares no qual haveria uma possibilidade de se montar um grupo para aprender dança de salão. Houve alguns contatos onde indagavam se eu era realmente professor de dança de salão e com sinceridade respondia que ainda não e que esse era o meu objetivo, por isso, havia solicitado a oportunidade.
Essa questão é muito recorrente e até acontece em muitas áreas. O contratante exige que o contratado tenha experiência na área, mas poucos se atrevem a abrir um espaço para que essa experiência seja adquirida.
Felizmente outros contatos aconteceram e usava sempre argumentos para conseguir uma oportunidade.
__Vamos fazer o seguinte. Podemos marcar dia e horário na sua academia de ginástica, você convida seus alunos de outras modalidades, sua esposa, sua família, quem você quiser. Ministro a aula gratuitamente e depois você faz uma pesquisa entre as pessoas que participaram da aula. Se a impressão da aula for negativa esqueçamos o assunto, se for positiva, vamos sentar e conversar.
Mais um tempo se passou, outros telefonemas, conversas, argumentos e eis que um belo dia recebi um telefonema mais concreto. O dono de uma academia ligou e concordou com a citação acima.
Data marcada, aula planejada com cuidado, o dia que chega, você que chega à academia, se apresenta, é apresentado e enfim, você está de frente de 15 pessoas que olha prá você e parece que mentalmente te indaga: E ai?
Nunca achei que seria fácil iniciar essa nova etapa, mas lembra? É pra frente que se anda e quem fica parado é poste? Estava como professor de Educação Artística na rede estadual, já estava ator profissional e tenho certeza que a prática nessas duas modalidades tenham me ajudado muito. Mas, confesso, o papo é outro a matéria é outra e o coração sempre quer sair pela boca.
A aula teria a duração de uma hora, mas qual não foi a minha surpresa quando ao terminar todo o conteúdo planejado havia se passado somente meia hora. E agora, o que fazer? Revisão do primeiro passo, um detalhe que faltou naquele movimento, vamos dançar com uma musica mais rápida, cavalheiros não esqueçam a condução. Ufa. Fim da aula. Saí da academia me sentindo mal. Não gostei da aula. Foi terrível.
Dias se passaram, semanas se passaram, silêncio. O telefone da academia em que ministrei a aula estava mudo, pelo menos pra mim. Um mês se passou e já havia decretado:
__Tudo bem, pelo menos foi uma ótima experiência, vamos em frente.
Um mês e mais uns dias o telefone rompeu o silêncio comigo.
__Adoraram a sua aula, querem aprender a dançar e quero que venha para tratarmos dos detalhes.
Não acreditei que alguém pudesse ter gostado daquela aula, mas gostaram e tive a certeza de que nem tudo foi tão trágico como havia sentido. Detalhes acertados e o dia 16 de Julho ficou marcado como o inicio de minhas atividades como Professor de Dança de Salão.



MAIS UMA ETAPA SE REALIZA
A plenitude não é realizar um sonho, mas descobrir que esse sonho te faz pleno todos os dias.
Pois é, e foi assim, no meio do tour, em 2001 que decidi que iria dar mais um passo a frente e abrir a minha própria Escola, O Espaço Fernando Di Mathus. Mais precisamente “Espaço de Teatro e Dança de Salão Fernando Di Mathus”.
É claro que uma tomada de decisão tem todo o tempo de maturação para se concretizar e bem antes da decisão, muitas ponderações, inseguranças e análises acontecem. Onde iria localizar? Uma coisa era certa: seria próximo ao Metrô.
A partir desse inicio, comecei a fazer algumas viagens fazendo paradas estratégicas em algumas estações analisando e observando a região. Depois de algumas observações mais detalhadas cheguei a mais uma conclusão: A escola seria aberta entre as estações Paraíso e Saúde da linha norte-sul ou na estação Santana. Depois de mais um tempo de observação, exclui a segunda opção.
Depois dessa certeza, era necessário saber o quanto poderia investir para dar prosseguimento ao objetivo. Não tive dúvidas. Tinha dois bons carros, um deles havia dado a um irmão para usar e cuidar, com o propósito de assim que fosse necessário ele me devolveria e assim foi. Peguei os dois carros, vendi e comprei outro de valor bem inferior para não ficar a pé e que também seria parte do investimento na Escola. Pois bem, com a diferença da venda dos carros fiz uma conta simples: Dividindo o valor que tinha em mãos por 12 (tempo de meses que imaginei não ter nenhum retorno do negócio) cheguei ao valor que podia investir por mês, subtraindo o valor das despesas como água, luz, telefone, etc... o valor que poderia investir no aluguel me foi revelado.
A partir do valor definido comecei a visitar corretoras de imóveis da região onde seria instalada a Escola. Várias informações em corretoras, imóveis visitados, analisados. Quando encontrava um com o perfil que procurava, havia dois fatores a ser considerados: 1-Como era a movimentação no entorno durante o dia e a noite. 2- Quanto tempo era necessário para ir a pé, do Metrô até a Escola.
Todas essas questões eram ponderadas e depois de idas e vindas, pensar e repensar fechei o contrato de aluguel no imóvel que era localizado na Rua Padre Machado 115 a 3 minutos da estação Santa Cruz do Metrô. Disse que o imóvel “era localizado” porque posteriormente o imóvel foi comprado por uma construtora e hoje no local é um prédio residencial. O portão do imóvel era bem de frente a uma frondosa quaresmeira.
E foi assim que no dia 07 de Abril de 2001 era organizado um coquetel para 50 convidados comemorando a inauguração da Escola e mais uma etapa concluída.
Sim, uma etapa, porque outras viriam e foi assim que na semana seguinte depois da divulgação com envio de 3.000 mil malas-direta, anuncio em jornais da região, panfletos distribuídos, amigos avisados, família mobilizada, chegou o dia esperado. Tudo pronto, horário marcado, escola preparada. Quantos alunos viriam para essa aula inaugural, como seria? Expectativa... A hora chegando... A CAMPAINHA QUE TOCA...